Nós e o ambiente

O intuito do blog é fazê-lo como forma de desabafo, à semelhança de um diário porém será compartilhado com o mundo e quem sabe assim conscientizar não só algumas, mas todas as pessoas que visitarem essa página.
Agradeço a presença de cada pessoa que por aqui passar, e espero que leiam tudo pois não trarei nada menos do que maravilhoso ou terrível, afinal, quando o assunto é meio ambiente, é possível alcançar os dois extremos.

Sejam bem-vindos,
Ana Arruda.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Medidas de salvaguarda e protecção florestal

'A redução gradual e o correcto ordenamento florestal das monoculturas de eucalipto e pinheiro, e o incentivo à preservação e ampliação das áreas de vegetação autóctone, assume um papel primordial na minimização dos efeitos catastróficos dos fogos. Relativamente ao combate a incêndios, o grau de preparação dos bombeiros e outras entidades de protecção civil e a garantia de acesso a áreas de densa arborização são passos necessários, bem como o investimento intenso no estudo das áreas de maior risco. Nas situações em que o incêndio foi causado por negligência, vandalismo ou criminalidade, há que promover campanhas de sensibilização e informação das populações.
Quanto ao abate de árvores, alterações à legislação e desenvolvimento de mecanismos de fiscalização mais eficazes para a reconversão das áreas ardidas, bem como a devida protecção das actuais áreas protegidas e criação de novas Áreas de Protecção Ambiental, poderão ser um passo em frente na protecção dos recursos florestais portugueses.
No caso das chuvas ácidas, é necessário ter cuidado com o nível de emissão de poluentes para a atmosfera, tentando de certa forma controlar a sua concentração, sendo esta uma medida de prevenção a nível mundial.
O assunto também deverá ser analisado em termos políticos, sendo a criação de comissões especializadas compostas por representantes de todas as partes interessadas e por especialistas, uma das formas de intervenção do poder político de forma a unir objectivos ambientais, sociais e económicos.'

Implicações da destruição das nossas florestas

'Implicações económicas

Taxa de arborização (floresta) em Portugal.
A floresta e as actividades ligadas a ela representam 3% do bolo de lucro da economia (3100 milhões de euros).
Se o declínio da nossa floresta continuar, em breve este lucro deixará de colaborar para uma saudável economia nacional.
Em termos de comércio externo, o saldo da balança comercial é extremamente positivo, chegando aos 1024 milhões de euros (2748 milhões em exportações e 1724 em importações). O declínio da floresta representaria uma grande perda para o país.

Implicações sociais

Mais de 160 000 pessoas estão empregues em áreas relacionadas com a floresta, representando 3,3% da população activa.
Os problemas que têm vindo a surgir, relacionados com a floresta, podem deixar estas pessoas sem emprego, o que poderá prejudicar milhares de famílias já com rendimentos baixos.
Trata-se de um problema social, mas também económico, já que estimula o aumento da taxa de desemprego.

Implicações ambientais

A nível ambiental, o declínio florestal em Portugal diminui a biodiversidade, pondo algumas espécies em perigo e levando a que outras desapareçam por completo do nosso país.
As áreas que sofreram desflorestação rapidamente se tornam áridas, impedindo que as espécies nativas se reinstalem na região, dando lugar a vegetação de baixo porte ou à propagação de espécies de crescimento rápido, como é o caso do eucalipto.
Por fim, a emissão de dióxido de carbono será maior, e também menor será o dióxido de carbono fixado pelas plantas e no solo, já que não existirão plantas para fazer a remoção do dióxido de carbono da atmosfera para a floresta.
A destruição da floresta leva ao desaparecimento da fauna e da flora dessa região, a uma elevada erosão do solo desprotegido, a uma modificação das bacias hidrográficas, muitas vezes com grandes prejuízos materiais e mesmo de vidas humanas.'

Declínio de certas espécies em Portugal

'Declínio do ulmeiro

Desde 1920, a doença grafiose originou em toda a Europa, um declínio geral da espécie.A doença deve-se a um fungo (ophiostoma ulmi) que obstrui os vasos condutores de água da árvore.Os sintomas externos são murchidão e a perda de ramos e de partes da copa até que toda a árvore morre.O fungo difunde-se através do escaravelho do alburno e é considerado uma das piores espécies invasoras a nível mundial,afectando quer a Europa,quer a América do Norte,quer todos os ulmeiros plantados nos jardins das antigas colónias europeias. Árvore também ornamental, inicialmente usada para arborizar a avenida da liberdade, é hoje uma raridade nas ruas portuguesas, pouco comum como árvore adulta nos nossos campos, onde era conhecida por negrilho, sendo os últimos sobreviventes deixados morrer sem tratamento ,contaminando todos os outros que possam existir saudáveis.

Declínio do sobreiro

Uma praga secundária, o A P. cylindrus, é uma das grandes preocupações em relação aos sobreiros. Atacam essencialmente após o descortiçamento, quando as árvores já estão enfraquecidas. A morte súbita do sobreiro e da azinheira é provocada por um fungo exótico, o Phytophthora cinnamomi.
Embora tenha sido identificado apenas em 1993, sintomas idênticos foram observados desde o fim do século XIX, embora não com a intensidade e a gravidade verificada a partir dos anos 1980. Pensa-se que o fungo, por si só, não causa a doença, sendo necessários outros factores que provoquem stress nas árvores, em particular após períodos alternados de seca prolongadas e encharcamento do solo. O fungo destrói as raízes finas das árvores, limitando a absorção de nutrientes e água.

Declínio do castanheiro

Certas doenças, como é o caso da doença da tinta, afectam grandemente o castanheiro, sendo uma das causas do seu declínio. A doença da tinta é causada pelo mesmo fungo que ataca sobreiros e azinheiras, Phytophthora cinnamomi.'

Floresta Portuguesa

Mais uma vez vim falar sobre incêndios florestais e do abate de árvores pois esse é um assunto que me toca muito enquanto inconsciência humana. Vou falar também da evolução e da introdução de algumas espécies no país.


A violência e a extensão dos incêndios florestais nestes últimos anos têm destruído centenas de hectares de floresta. A ausência de uma política de ordenamento e gestão florestal, o desconhecimento real das áreas florestais, a ineficácia das medidas de prevenção e combate dos fogos florestais, o abandono de extensas áreas florestais, associadas a certas situações atmosféricas ou a acções negligentes e criminosas, são causas deste elevado número de incêndios.
Num pinhal pouco cuidado, as agulhas que caem nos arbustos facilitam o caminho do fogo em direcção às copas, estimulando os fogos de temperaturas elevadas, difíceis de dominar. Este tipo de incêndio danifica, inclusivamente, as camadas superficiais do solo, e queima os seus componentes orgânicos, acelerando o processo de erosão.
Em 2002, 68% da área ardida resultou de 213 grandes incêndios, causando prejuízos de cerca de 24 milhões de euros. Os prejuízos em material lenhoso ascenderam aos 56 milhões de euros, sem contar com os custos de combate e reflorestação.
Os incêndios contribuem ainda para a emissão de CO2 para a atmosfera (cerca de 10% a 30% por ano). Por outro lado, havendo menos área florestal, o CO2 não é removido pelas plantas, não ficando desse modo retido nas plantas e no solo.
O problema associado ao abate de árvores é o abate desregrado e desenfreado e a ambição pelas áreas ardidas e matéria-prima. Se após o abate de árvores o terreno for abandonado, a reposição do equilíbrio pode demorar décadas, ou mesmo milénios. Se não forem tomadas medidas drásticas, cerca de um sexto das florestas mundiais desaparecerá até 2030.
As árvores são abatidas para construção de habitações, zonas de lazer (por exemplo, estâncias de golfe ou caça grossa) ou estâncias turísticas, muitas vezes sem um projecto de impacte ambiental devidamente formulado.
Se a urbanização provoca grandes danos na floresta, a construção de barragens, diques, estradas, pontes, …, também pode levar a um desequilíbrio, algumas vezes irreversível, na floresta.
A título de exemplo, na albufeira do Alqueva foram abatidas 1 milhão e 340 mil árvores (544 mil azinheiras, 34 mil sobreiros, 133 mil oliveiras e mais de 100 mil árvores ribeirinhas) (amieiros, salgueiros e freixos).
Milhares de hectares de montados, áreas de azinhal reliquial, áreas de matagal mediterrânico e mais de 200 km de galerias ripícolas (vegetação ribeirinha) foram destruídos, locais onde existiam espécies únicas!
A sobre-exploração da matéria-prima proveniente de certas espécies (como é o caso da madeira no pinheiro-bravo), para consecutiva utilização na indústria, é um dos principais motivos da desflorestação.
As árvores são incendiadas ou cortadas para ocupação agrícola, mesmo quando esses terrenos não são adequados para a agricultura.
As monoculturas de cereais e outras plantas, para uso humano ou animal, são completamente artificiais, uma vez que resultam da destruição da floresta (ecossistema natural).
Os eucaliptos foram trazidos da Austrália e da Tasmânia e têm tido preferência em relação às espécies nativas, já que se desenvolvem mais rapidamente e têm maior capacidade de regeneração (aspecto positivo em caso de incêndio).
De início, o objectivo de plantar eucaliptos era drenar terrenos pantanosos, devido a certas características desta espécie, mas rapidamente se descobriu que os eucaliptos poderiam ser bastante mais lucrativos no ramo da indústria de papel, sendo plantados até em terrenos férteis, indispensáveis à actividade agrícola.
Estes terrenos ficam rapidamente degradados, não sendo possível restaurar no local as espécies nativas. Os eucaliptos também são pobres em termos de biodiversidade, identificando-se numa floresta nativa 700 casas de aves reprodutoras/km² e na de eucaliptos apenas 100, sendo o motivo o rápido crescimento das árvores para abate, que não dá tempo à instalação de uma comunidade.
Quanto aos pinheiros-bravos, apesar de serem uma espécie nativa, são plantados em excesso (são árvores de crescimento rápido), substituindo outras espécies nativas. Enquanto espécie pioneira da sucessão ecológica, pode ser utilizada na recuperação de solos pobres ou degradados, criando as condições necessárias para as espécies de maiores exigências. A regeneração natural de carvalhos sob o coberto do pinhal é aliás frequente em todo o país; no entanto, a prática mais comum é substituir o pinhal por novo pinhal, em vez de aproveitar a regeneração natural das quercíneas.
Os pinheiros-bravos são plantados devido à sua madeira, óptima para comercialização.
A introdução de espécies invasoras provoca não só a destruição dos habitats das espécies nativas, mas também a transmissão de doenças e a perda da variabilidade genética.

Floresta portuguesa

'A floresta portuguesa é um ecossistema muito antigo, inicialmente com árvores de folha caduca no Norte do país e árvores de folha perene a Sul. Actualmente, a área florestal portuguesa ascende aos 3.3 milhões de hectares.
Portugal possui uma das maiores áreas florestadas da Europa (35.8 %)
Cerca de 85% da floresta de Portugal é propriedade privada, e apenas 3% pertence ao Estado Português, os restantes 12% são baldios, e pertença de comunidades locais.
Quanto à distribuição geográfica, os carvalhos estão presentes em quase todo o território nacional:
  • O carvalho-alvarinho (Quercus robur) no Noroeste, ao longo da faixa litoral Minho-Leiria, onde a temperatura é amena e a humidade elevada;
  • O carvalho-negral (Quercus pyrenaica), juntamente com o castanheiro (Castanea sativa) na Beira Interior e Trás-os-Montes.
  • O carvalho-português (Quercus faginea) é dominante no litoral centro, sendo frequentemente a mesma distribuição duma espécie arbustiva que é considerada distinta (Quercus lusitanica), o carrasco (Quercus coccifera) aparece mais frequentemente nas serranias calcárias
  • O sobreiro (Quercus suber) é uma espécie dominante no litoral sul
  • A azinheira (Quercus ilex) é mais frequente no interior do país.
  • O carvalho-de-monchique (Quercus canariensis) só existe na serra de Monchique[carece de fontes].
No Algarve predomina a alfarrobeira. Quanto ao pinheiro-manso, está bastante presente na península de Setúbal. Espécies ripícolas como salgueiros, choupos, amieiros, ulmeiros, plátanos, freixos e o pinheiro-bravo são encontradas a norte do Tejo, e mais invulgarmente a sul (em pequenos núcleos) ou em subzonas do interior do país. O eucalipto encontra-se em zonas próximas do pinheiro-bravo. Algumas espécies florestais estão mesmo em perigo de extinção: o teixo (Taxus baccata), o azereiro (Prunus lusitanica) e o azevinho (Ilex aquifolium).


A Floresta em Portugal Continental
Espécies florestais  % Área florestal Área (ha)
Pinheiro bravo 29,1 976.069
Pinheiro manso 2,3 77.650
Outras resinosas 0,8 27.358
Azinheira 13,8 461.577
Carvalhos 3,9 130.899
Castanheiro 1,2 40.579
Eucaliptos 20,1 672.149
Sobreiro 21,3 712.813
Outras folhosas 3,0 102.037
Total 100,0 3.349.327

A floresta de Eucalipto

O Eucalipto é relativamente recente em Portugal (século XX) e coincide com a instalação e crescimento da indústria papeleira.
A quase totalidade da área dos eucalipto encontra-se nos terrenos privados.
O eucalipto encontra-se principalmente :
  • na região Centro (Baixo Vouga e Beira Interior Sul).
  • outras regiões importantes : Tâmega, Médio Tejo, Oeste e Alto Alentejo.

A floresta portuguesa é característica de um clima mediterrânico e, em tempos idos, era constituída em larga escala por espécies como o carvalho-alvarinho (Quercus robur), o castanheiro (Castanea sativa), a azinheira (Quercus rotundifolia), o sobreiro (Quercus suber), o medronheiro (Arbutus unedo) e a oliveira (Olea europaea).
Dessas áreas restam manchas florestais e das espécies apenas pequenas zonas ou núcleos. Da zona vegetal primitiva portuguesa resta a mata do Solitário, na Serra da Arrábida.
Em todo o país, ao longo dos tempos, a floresta foi degenerando em matagal (maquis) ou charneca (garrigue), ou então sendo substituída pelo pinheiro-bravo (Pinus pinaster) (30% da floresta) ou pelo eucalipto branco (Eucalyptus globulus) (20% da floresta), que foram propagados em larga escala nos inícios do século XX'.

Assim não VALE

"Representantes sociais e sindicais do Canadá, Chile, Argentina, Guatemala, Peru e Moçambique realizam entre os dias 12 a 15/4, no Rio de Janeiro, o 1º Encontro de Populações, Comunidades, Trabalhadores e Trabalhadoras afetados pela política agressiva e predatória da companhia Vale - antiga Vale do Rio Doce.
A mineração é uma atividade extrativa que fomenta um cipoal de impactos ambientais e sociais nas comunidades onde os projetos são instalados.
Várias modalidades de assédio, saúde, violação de direitos, demissões arbitrárias e danos ao meio ambiente estão entre os pontos de pauta da reunião.
A seguir, leia a íntegra da convocatória para o encontro e entenda os motivos que levaram comunidades de diferentes regiões do globo a se unirem contra a companhia.
Encontro Mundial dos afetados pela Vale
Nós, organizações e movimentos sociais e sindicais do Brasil, convocamos e convidamos organizações sociais e sindicais do Canadá, Chile, Argentina, Guatemala, Peru e Moçambique para o I Encontro de Populações, Comunidades, Trabalhadores e Trabalhadoras afetados pela política agressiva e predatória da companhia Vale do Rio Doce, em abril de 2010 no Rio de Janeiro.
A Vale, dona que quase todo o minério de ferro do solo brasileiro, é hoje uma empresa transnacional, que opera nos cinco continentes, 14a companhia do mundo em valor de mercado, explorando os bens naturais, as águas e solo, precarizando a força de trabalho dos povos em todo o mundo.
Ela foi uma empresa estatal até 1997, quando foi privatizada de maneira fraudulenta pelo governo Fernando Henrique Cardoso a um valor sub-avaliado de R$ 3,4 bilhões de dólares. Desde então gerou lucro de 49 bilhões de dólares, e distribuiu a seus acionistas 13 bilhões de dólares, êxitos que obtém às custas da exploração dos bens naturais, das águas e solo e pela precarização da força de trabalho dos povos nos países que explora.
A propaganda da Vale nos lembra todos os dias que ela é brasileira e que trabalha com “paixão” para promover o “desenvolvimento sustentável” do Brasil e para garantir um futuro para nossas crianças. Utiliza em suas propagandas a imagem de brasileiros ilustres e artistas famosos. Em 2008, a Vale gastou R$ 178,8 milhões em propaganda (Ibope Monitor). As bonitas imagens omitem a face oculta da empresa, construindo no imaginário do brasileiro comum a imagem de uma Vale patriota e paternal. Não é isso, contudo, o que pensam as pessoas que vivem nos territórios explorados pela Vale, seja no Brasil ou nos outros países em que a companhia está presente. Os trabalhadores e as comunidades afetadas, no entanto, não têm o poder e o dinheiro da Vale para ocupar a mídia brasileira e mundial com as suas opiniões e relatos sobre a influência da empresa sobre suas vidas
A exploração de minério e outras atividades da cadeia de siderurgia têm causado sérios impactos sobre o meio ambiente e a vida das pessoas. A poluição das águas com produtos químicos, a intervenção direta na destruição de aqüíferos, a produção de enormes volumes de resíduos em suas atividades de mineração (657 milhões de toneladas por ano), a emissão de dióxido de carbono na atmosfera, o desvio de rios que antes atendiam comunidades inteiras para uso da companhia, o desmatamento de florestas e matas, a destruição de monumentos naturais tombados, a mineração em áreas de mananciais de abastecimento público, o impacto sobre as populações indígenas e tradicionais, a poeira de minério levantada em suas atividades, a desapropriação forçada de comunidades, rebaixamento do lençol freático, a associação da empresa com projetos industriais e energéticos que têm interferido na destruição da Amazônia e do Cerrado brasileiros, a eliminação de trechos ferroviários seculares em Minas Gerais, os acidentes nas minas e envolvendo trens da empresa, cuja vítima ou família não tem nenhuma assistência por parte da companhia – tudo isso, ainda que não sejam mencionadas nas propagandas, são as marcas mais fortes da Vale nos territórios em que ela atua. A extração nociva de bens naturais, destruição dos patrimônios culturais, e os danos causados ao meio ambiente são, em alguns casos, irreparáveis, e produzem danos permanentes à vida.
A despeito dos visíveis danos, suas atividades continuam respaldadas com investimentos e parcerias lucrativos. No Rio de Janeiro, por exemplo, com a associação da Vale com a Thyssen Krupp, através da TKCSA, está previsto um aumento de 12 vezes na emissão do poluente CO2 na cidade do Rio (O Globo, 5/11/09). Além disso, a Vale é uma das principais empresas consumidoras de energia, mas quase não paga por ela: a empresa paga menos de R$ 5,00 por 100kwh, enquanto a população em geral, assim como pequenos e médios comerciantes e indústrias, pagam mais de R$ 45,00kwh no Brasil.
Seus trabalhadores sofrem com demissões sem justificativa, com ausência de medidas de segurança do trabalho e com pressões de diversas naturezas que, muitas vezes, levam-nos ao suicídio. Dois em 100 trabalhadores foram afastados por acidentes em 2008, 9 morreram. A cidade de Itabira (MG), onde nasceu a Vale, tem o maior índice de suicídios do Brasil. É também muito alta a terceirização do trabalho, que desresponsabiliza a companhia e precariza as relações de emprego (146 mil empregos, 83 mil são indiretos).
A Vale tem usado a crise econômica mundial para pressionar os/as trabalhadores em todo o mundo, reduzir salários, aumentar a jornada de trabalho, demitir, e rebaixar direitos conquistados com anos de luta. A greve iniciada pelos trabalhadores e trabalhadoras canadenses desde junho de 2009 é um exemplo importante de luta e resistência contra a arrogância e a intransigência da empresa, e, ao mesmo tempo, de construção da nossa unidade internacional. A greve dos trabalhadores e trabalhadoras no Canadá conta com todo o nosso apoio e solidariedade ativa para garantir sua vitória!
A Vale usa as mesmas táticas com as populações em todo o mundo. Ela pressiona, ameaça, coopta agentes públicos e locais, chegando até a fazer uso de milícias e forças militares para garantir seus “investimentos”. Em muitos lugares, a empresa financia campanhas eleitorais, zoneamentos ecológicos e planos diretores de municípios, numa completa inversão do princípio da gestão política e governamental soberana dos interesses públicos pela sociedade.
Os cidadãos e cidadãs comuns também são atingidos, uma vez os recursos públicos gerados pelos seus impostos são repassados para a Vale pelo BNDES e outras agências estatais. Enquanto os impostos são altíssimos para a população comum, e também pequenas e medias empresas, grande corporações como a Vale recebem anos de isenção fiscal. Os serviços públicos para onde deveriam ser direcionados os impostos, como hospitais e escolas, continuam em péssimas condições. Assim, sua atuação aprofunda a dívida financeira, ecológica e social com as populações afetadas. Cada centavo de dinheiro público que é destinado à Vale poderia ser investido na criação de fontes de trabalho que não prejudicassem a vida no planeta.
É com o objetivo de mudar este quadro que estamos organizando o encontro internacional dos afetados pela Vale. Nós iremos demonstrar com fatos concretos e estudos de caso o que realmente vem acontecendo à população que vive no entorno dos empreendimentos, e aos trabalhadores da Vale. Nosso objetivo é dar voz àquelas pessoas que sofrem diariamente com a atuação da mineradora, sejam comunidades próximas, desapropriadas ou áreas em que a empresa busca se instalar, sejam os trabalhadores e trabalhadoras da empresa.
Além de expor o comportamento agressivo da Vale, nós também iremos trabalhar instrumentos e estratégias comuns para contestar seu poder absoluto e fortalecer os trabalhadores e comunidades atingidas. Estes instrumentos podem incluir acordos coletivos dos trabalhadores da Vale com demandas em comum, monitoramento independente do impacto ambiental, monitoramento independente dos contratos governamentais sobre impostos, royalties, entre outros.
A articulação dos povos e movimentos nos diferentes países em que há exploração da mineradora é fundamental para fortalecer nossas lutas locais, nacionais e internacionais. Precisamos nos unir para construirmos juntos nossas estratégias, e pressionarmos nossos governos para que nossos direitos de vida, trabalho, terra, moradia, saúde, e de um ambiente justo e saudável sejam garantidos. E para que a Vale cumpra mundialmente com padrões ambientais, tecnológicos e trabalhistas elevados, e que respeite e não tente retroceder as legislações vigentes. Não vamos deixar que a Vale rebaixe nossos direitos conquistados e destrua nossas vidas!
Os bens naturais e dos solos de cada país são patrimônio soberano dos povos, não dos acionistas nacionais e internacionais da Vale!
O leilão de privatização da Vale foi ilegal. Nós exigimos a anulação deste leilão, como disseram cerca de 4 milhões de brasileiros no Plebiscito Popular sobre a privatização da Vale e a dívida pública realizado em 2007. Nós defendemos a devolução ao povo brasileiro dos “direitos minerários” não contabilizados na operação de venda, sua re-estatização e o seu controle pelos trabalhadores!
Assim, convocamos as comunidades que atualmente sofrem com os grandes empreendimentos mineradores, a sociedade civil, os trabalhadores e trabalhadoras da Vale, movimentos e organizações sociais, pastorais sociais, estudantes e professores para participar da construção desse encontro, na expectativa de uma sociedade mais justa e ambientalmente equilibrada.
Assinam:
Campanha Justiça nos Trilhos
Movimento pelas Serras e Águas de Minas
Comitê Mineiro dos Atingidos pela Vale
Fórum Carajás
CONLUTAS
PACS
Rede Justiça Social e Direitos Humanos
Rede Brasileira de Justiça Ambiental
MST
MAB
ILAESE (Instituto Latino Americano de Estudos Sócio-Econômicos)
CEPASP Marabá (Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular)
Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos
Sociedade Paraense dos Direitos Humanos
Instituto Madeira Vivo
CPT nacional
Associação Paraense de Apóio às Comunidades Carentes
Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia
Forum de Mulheres da Amazônia Paraense/AMB
Movimento Artístico, Cultural e Ambiental de Caeté - MACACA
Sindicato Metabase Inconfidentes - Congonhas MG
Justiça Global
Assembléia Popular Nacional
Jubileu Sul Brasil
Grito dos Excluídos – Brasil
Grito dos Excluídos Continental
Associação de Favelas de São José dos Campos/SP
IBASE
Consulta Popular
Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD)
Associação de Pescadores de Pedra de Guaratiba (AAPP)
APESCARI
Fé e Política – Sepetiba
Núcleo Socialista de Campo Grande (RJ)
Coletivo Baía de Sepetiba pede Socorro
FASE/ Amazônia"

Movimento Gota D'Água

"Um mundo melhor, mais consciente e solidário.
O Movimento Gota D’ Água surgiu da necessidade de transformar indignação em ação. Queremos mostrar que o bem é um bom negócio e envolver a sociedade brasileira na discussão de grandes causas que impactam o nosso país. Utilizamos nossa experiência em comunicação para dar voz aqueles que se dedicam a estudar o impacto que as decisões de hoje terão no amanhã. O Movimento apoia soluções inteligentes, responsáveis, conscientes e motivadas pelo bem comum. O Gota D’Água é uma ponte entre o corpo técnico das organizações dedicadas às causas socioambientais e os artistas ativistas.
A primeira campanha do movimento discute o planejamento energético do país pela análise do projeto da hidrelétrica de Belo Monte, a mais polêmica obra do PAC. O braço técnico desta campanha é formado por especialistas ligados a duas organizações de reconhecida importância para a causa: "Movimento Xingu Vivo Para Sempre" e o "Movimento Humanos Direitos".
A missão da Gota D’Água é comover a população para causas socioambientais utilizando as ferramentas da comunicação em multiplataforma – Hoje existem inúmeros caminhos de se produzir conteúdo relevante para atingir e envolver as mais diversas audiências nos mais diferentes meios. Nossa proposta é usar estas inovações para seduzir e mobilizar a sociedade para causas socioambientais."