Nós e o ambiente

O intuito do blog é fazê-lo como forma de desabafo, à semelhança de um diário porém será compartilhado com o mundo e quem sabe assim conscientizar não só algumas, mas todas as pessoas que visitarem essa página.
Agradeço a presença de cada pessoa que por aqui passar, e espero que leiam tudo pois não trarei nada menos do que maravilhoso ou terrível, afinal, quando o assunto é meio ambiente, é possível alcançar os dois extremos.

Sejam bem-vindos,
Ana Arruda.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Floresta Portuguesa

Mais uma vez vim falar sobre incêndios florestais e do abate de árvores pois esse é um assunto que me toca muito enquanto inconsciência humana. Vou falar também da evolução e da introdução de algumas espécies no país.


A violência e a extensão dos incêndios florestais nestes últimos anos têm destruído centenas de hectares de floresta. A ausência de uma política de ordenamento e gestão florestal, o desconhecimento real das áreas florestais, a ineficácia das medidas de prevenção e combate dos fogos florestais, o abandono de extensas áreas florestais, associadas a certas situações atmosféricas ou a acções negligentes e criminosas, são causas deste elevado número de incêndios.
Num pinhal pouco cuidado, as agulhas que caem nos arbustos facilitam o caminho do fogo em direcção às copas, estimulando os fogos de temperaturas elevadas, difíceis de dominar. Este tipo de incêndio danifica, inclusivamente, as camadas superficiais do solo, e queima os seus componentes orgânicos, acelerando o processo de erosão.
Em 2002, 68% da área ardida resultou de 213 grandes incêndios, causando prejuízos de cerca de 24 milhões de euros. Os prejuízos em material lenhoso ascenderam aos 56 milhões de euros, sem contar com os custos de combate e reflorestação.
Os incêndios contribuem ainda para a emissão de CO2 para a atmosfera (cerca de 10% a 30% por ano). Por outro lado, havendo menos área florestal, o CO2 não é removido pelas plantas, não ficando desse modo retido nas plantas e no solo.
O problema associado ao abate de árvores é o abate desregrado e desenfreado e a ambição pelas áreas ardidas e matéria-prima. Se após o abate de árvores o terreno for abandonado, a reposição do equilíbrio pode demorar décadas, ou mesmo milénios. Se não forem tomadas medidas drásticas, cerca de um sexto das florestas mundiais desaparecerá até 2030.
As árvores são abatidas para construção de habitações, zonas de lazer (por exemplo, estâncias de golfe ou caça grossa) ou estâncias turísticas, muitas vezes sem um projecto de impacte ambiental devidamente formulado.
Se a urbanização provoca grandes danos na floresta, a construção de barragens, diques, estradas, pontes, …, também pode levar a um desequilíbrio, algumas vezes irreversível, na floresta.
A título de exemplo, na albufeira do Alqueva foram abatidas 1 milhão e 340 mil árvores (544 mil azinheiras, 34 mil sobreiros, 133 mil oliveiras e mais de 100 mil árvores ribeirinhas) (amieiros, salgueiros e freixos).
Milhares de hectares de montados, áreas de azinhal reliquial, áreas de matagal mediterrânico e mais de 200 km de galerias ripícolas (vegetação ribeirinha) foram destruídos, locais onde existiam espécies únicas!
A sobre-exploração da matéria-prima proveniente de certas espécies (como é o caso da madeira no pinheiro-bravo), para consecutiva utilização na indústria, é um dos principais motivos da desflorestação.
As árvores são incendiadas ou cortadas para ocupação agrícola, mesmo quando esses terrenos não são adequados para a agricultura.
As monoculturas de cereais e outras plantas, para uso humano ou animal, são completamente artificiais, uma vez que resultam da destruição da floresta (ecossistema natural).
Os eucaliptos foram trazidos da Austrália e da Tasmânia e têm tido preferência em relação às espécies nativas, já que se desenvolvem mais rapidamente e têm maior capacidade de regeneração (aspecto positivo em caso de incêndio).
De início, o objectivo de plantar eucaliptos era drenar terrenos pantanosos, devido a certas características desta espécie, mas rapidamente se descobriu que os eucaliptos poderiam ser bastante mais lucrativos no ramo da indústria de papel, sendo plantados até em terrenos férteis, indispensáveis à actividade agrícola.
Estes terrenos ficam rapidamente degradados, não sendo possível restaurar no local as espécies nativas. Os eucaliptos também são pobres em termos de biodiversidade, identificando-se numa floresta nativa 700 casas de aves reprodutoras/km² e na de eucaliptos apenas 100, sendo o motivo o rápido crescimento das árvores para abate, que não dá tempo à instalação de uma comunidade.
Quanto aos pinheiros-bravos, apesar de serem uma espécie nativa, são plantados em excesso (são árvores de crescimento rápido), substituindo outras espécies nativas. Enquanto espécie pioneira da sucessão ecológica, pode ser utilizada na recuperação de solos pobres ou degradados, criando as condições necessárias para as espécies de maiores exigências. A regeneração natural de carvalhos sob o coberto do pinhal é aliás frequente em todo o país; no entanto, a prática mais comum é substituir o pinhal por novo pinhal, em vez de aproveitar a regeneração natural das quercíneas.
Os pinheiros-bravos são plantados devido à sua madeira, óptima para comercialização.
A introdução de espécies invasoras provoca não só a destruição dos habitats das espécies nativas, mas também a transmissão de doenças e a perda da variabilidade genética.

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